Norton, assim se chama o mais recente álbum dos, surpresa!, Norton. Foi editado há um par de meses e é um capítulo novo e refrescante numa carreira com mais altos que baixos. Fundados em Castelo Branco há mais de dez anos, são hoje um dos nomes seguros da pop mais alternativa made in Portugal. Caso de persistência e de querer. E de gente que tem bons discos em casa e gosta à brava disto da música. O Altamont falou com o guitarrista Manuel Simões.
Altamont: Norton já saiu em março, já há algum tempo para fazer um pequeno balanço de como tem sido a receptividade ao disco. O que me podes dizer?
Manuel Simões: Posso dizer-te que tem corrido muito bem. A receptividade tem sido excelente, tanto da parte do público como da imprensa. Temos estado a dar concertos por cá e por Espanha, que nos têm deixado mesmo satisfeitos. O segundo single do disco acabou de sair, chama-se “Brava” e tem um vídeo de que gostamos muito.
Costumas ouvir o disco? De um modo geral, ouves a música que gravas?
Não tenho muito o hábito de ouvir o que gravo. Inevitavelmente, acabo sempre por ter uma postura mais crítica quando ouço as minhas coisas. Mas, por acaso, tenho ouvido bastante este disco. Sinto-me muito confortável com ele. Editámo-lo também em vinil e dá-me imenso gozo tocá-lo no meu gira-discos portátil pela casa. Soa mesmo bem!
Já mudavas alguma coisa no disco? Alguma malha de guitarra, algum ritmo…és perfeccionista a esse ponto, de estar sempre a ver o que podia ter sido diferente?
Nem por isso. Na “Premiere”, por exemplo, teria acrescentado um detalhe que agora faço ao vivo. É natural que as canções cresçam para lá do disco com os ensaios e com os concertos. E a cena fixe é que, assim, ao vivo, as músicas ficam a ganhar ainda mais com os pormenores que não ficaram registados em fita. Mas, como te disse, este é um disco que ouço com outro à vontade. O facto de termos feito uma pré-produção permitiu que levássemos para casa um esboço mais definido do que tínhamos composto na sala de ensaios e perceber o caminho que as canções poderiam levar, tanto a nível de estrutura como a nível técnico. Quando chegou a altura de entrar em estúdio para gravar o disco já fomos mais seguros do que queríamos e isso foi importante.
Tu não és dos Norton desde a sua fundação. Mas aqui na nossa conversa falas em nome da banda. Como foi essa integração no grupo? Há quanto tempo conheces o resto da malta?
Conheço a malta antes de Norton existir. Já éramos amigos, tínhamos outras bandas e tocámos juntos em alguns concertos. Cheguei até a passar alguns dias das férias da escola em Castelo Branco. Sempre houve uma grande sintonia. Falávamos sobre música e trocávamos cassetes, cd’s e mp3. A banda apareceu em 2002 e eu comecei a tocar com eles, pontualmente, desde 2004. Lembro-me do Rodolfo me ligar a falar desta nova banda que estava a começar a ensaiar. Participei também na gravação do segundo disco, Kersche. No final de 2009 fomos em tour pela Europa e depois de um concerto na Holanda, numa estação de serviço, a caminho do Luxemburgo, fizeram-me o convite para fazer oficialmente parte dos Norton. Acho que ainda nem tinham acabado de falar e eu já estava a dizer que sim. Foi bonito! Desde há muito que são família e sempre quis tocar com eles. E, olha, aqui estamos.
Este é um disco pop, talvez o vosso disco mais pop e imediato. Concordas?
Sim, concordo, mas é também o nosso disco mais rock. No Layers of Love United demos por nós a compor temas mais imediatos, com mais luz. Queríamos dar concertos suados e com a maior participação possível do público. Este disco não foi exceção e conseguimos apurar isso muito melhor. As canções são bem mais enérgicas e rápidas. A pop está presente nas melodias e o rock na pujança.
A capa do disco anterior era mais bonita, tinha lá a Teresa [Gil, amiga do entrevistado e, já agora, do entrevistador]. Por que é que não repetiram a ideia? Nada contra esta capa, atenção, que é bem bonita. Já agora fala-me dela também.
(risos) De facto, a Teresa tem uma presença muito especial na capa do disco anterior. Adorávamos repetir a ideia mas, quanto a esta capa, de que também gostamos muito, é de um artista suíço que se chama Fabian Oefner. A Liliana Graça, responsável pelo grafismo, descobriu o trabalho dele e mostrou-nos. A fotografia da capa foi amor à primeira vista, tem muita força. Concordámos de imediato que representava muito bem a essência e a sonoridade das canções que, na altura, estavam a ganhar corpo no estúdio. Seguiu-se o contacto com o artista e assim foi. As capas dos discos anteriores têm tons mais sóbrios. Neste as cores da capa complementam muito bem as canções e vice-versa.
O que se segue para vocês neste verão?
Vai ser um verão bem preenchido. Em Julho tivemos concertos marcados em Santa Cruz e em Mira, nos dias 25 e 26, respectivamente. Em Agosto atacamos festivais: o Zêzere Summer Fest, na Covilhã (dia 1), o Carviçais Rock, em Trás-os-Montes (dia 12) e o Fusing Culture Experience, na Figueira da Foz (dia 15). Dia 16, tocamos nos arredores de Castelo Branco. Há mais datas por anunciar até ao final do verão. É ficar ao atento ao nosso site, aparecer e fazer a festa connosco.